Memórias Poéticas na Cidade da Borracha II


Memórias Poéticas uma imersão na cidade borracha

Nossa viagem de imersão e pesquisa é em Guajará-Mirim, a pérola do Mamoré

Memórias Poéticas na cidade da borracha por Taiane Sales



 
Natural de Guajará-Mirim e consciente de minha desinformação sobre a cidade, e consequentemente, minha origem. A experiência me deixou ansiosa para a construção histórica, intelectual e pessoal.

Logo na saída de Porto Velho, prestigiamos o nascer do sol. Durante o trajeto, passamos por trechos onde a estrada era elevada, nos lados apenas água e árvores. Observar a resistência e ocupação das árvores mesmo em meio ao rio me instigou traçar um paralelo com as mulheres, que também resistem às opressões diárias. Elas (mulheres e árvores) se transformam diante das enchentes/obstáculos. E ainda assim, destacam e compõe a beleza de sua presença em meio a natureza.


Visita à Guayara-Mirím

O programa é uma tradição na minha família, e executar ela com um olhar crítico foi desafiador. Durante a travessia agucei os sentidos. Senti o vento acariciar o rosto, a água fria refrescar, o cheiro renovar, o som do motor e a água a correr me ambalarem. Chorei e limpei a visão. Percebi a presença de apenas um pássaro no céu. Lembrei-me do texto A Borracheira, onde Daniel Graziane relata em vários momentos a presença de "UM PÁSSARO".

Caminhar pelas ruas bolivianas foi extremamente nostálgico. As lembranças chegavam e me despertavam para análises como, a presença da mulher no atendimento dos estabelecimentos e dos homens na sua administração. A negritude muito presente nas ruas de Guayaramerín. A língua portuguesa é facilmente compreensível pelos bolivianos, porém os brasileiros ainda ficam confusos diante da comunicação com castellano. O ritmo da comunicação também é um destaque, rápida e objetiva.




No porto, para retornarmos ao Brasil, percebemos que a maioria dos nomes das embarcações são de mulheres. O que segue meu olhar para a ligação da mulher para com a natureza e seus elementos, neste caso o rio, a àgua. Recordo-me dum escrito de Mariote Sales, que compartilhou comigo no dia anterior a esta vivência: " A água é maleável e transparente, é chamada dissolvente universal porque transpõe todos os obstáculos existentes entre a nascente e a foz." E assim, percebo a mulher como integrante transversal dos elementos da natureza.


Museu de Guajará-Mirim fechado. Observamos as estruturas que permanecem no entorno. O caminho de trilho feito no chão com os nomes de estações ferroviárias atraiu o olhar. Observei a estrutura da locomotiva Hidelgardo Nunes. Perplexa com o sobrenome em comum: Nunes. Consciente que possuo descendência alemã surpreendi-me com a coincidência, porém fiquei curiosa para com as histórias e origens: própria e local. Instigada!

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