Memórias Poéticas descobrindo a Cidade da Borracha


Viagem para Guajará-Mirim por Edmar Leite



Dia 1 - Parte I - Sobre o caminho até Guajará-Mirim...

Viagem iniciada cedo, com o nascer do sol. Partida do Tapiri com todos à bordo. Conversas boas sobre a vida foram feitas, memórias compartilhadas.. A maior parte da estrada estava boa, foi um caminho tranquilo. Menos de 5 horas de viagem.

Dia 1 - Parte II - Sobre lembranças e reimpressões  da cidade..

Nos instalamos no hotel e em seguida partimos pro almoço. Ao rodar pela cidade, lembranças, sentimentos e pensamentos me vieram; meus avôs e um tio moravam aqui; durante a infância passei feriados e férias por aqui nas casas deles; lembranças de brincar, andar de bicicleta, comer saltenha no PQD, tomar tacacá, comer doces na Paizinha.. Um misto de saldosismo, alegria e tristeza banham essas memórias.. Pois vir para Guajará era uma festa e agora nenhum dos meus familiares moram mais aqui e alguns já fizeram a passagem pro além vida.. Depois de almoçar um Parecis servido a noda antiga, trouxe lembranças boas.

Dia 1 - Parte III - Ainda sobre a cidade..

Logo após o almoço seguimos para a fronteira, no caminho percebo que cada vez que venho aqui a cidade me parece mais abandonada.. Um lugar tão bonito e tão importante para a história do nosso estado. O entreposto de todo o escoamento da borracha da região. Assim como na capital os pontos turísticos são ignorados pelo poder público.. Triste ver tantas memórias sendo deixadas de lado.

Dia 1 - Parte IV - Sobre a travessia..

Partindo para a travessia, mais lembranças, das inúmeras vezes que cruzei o tia quando criança, da euforia de ver as novidades, perceber os sotaques, a linguagem, todas as cores, movimento do local. Lembrei mais uma vez do Golpe, o chocolate que meu tio comprava pra criançada. O movimento estava fraco, poucas pessoas nas compras ou na rua. A maioria das lojas são comandadas por mulheres nativas do país, não há estrangeiros proprietários.

Dia 2 - Parte V - Investigando a história..

Ao retornar da Bolívia fomos atrás da história de Don Rey, que segundo dizem, trazia as mulheres dos interiores do Vale do Guaporé para dar educação e até emprego. Na Prelasia obtivemos informações e adquirimos um livro sobre Don Rey. Tentamos ter acesso ao. Mosteiro porém se encontrava fechado. Encerrado esse primeiro dia, intenso e rico.

 Dia 2 - Parte I - Sexta-Feira da Paixão, ida na feira..

De manhã partimos para a feira, uma feira pequena, pouco movimentada, porém com grande variedade de aromas, cores e texturas. Barracas com variedades eletrônicas, medicinais, peixe assando, frutas.. Quase todas as barracas são administradas por mulheres e algumas delas bolivianas, ao contrário da Bolívia os estrangeiros tem mais liberdade te ter comércio por aqui.

Dia 2 - Parte II - Mais sobre a cidade..

Após a feira, seguimos pelo centro da cidade, muitos prédios vazios, ninguém nas ruas, passamos em frente aos antigos cinemas, o prédio do Cine Guarany infelizmente está quase completamente deteriorado, salvo apenas a fachada, o outro prédio do Cine Belém se mantém conservado, porém se mantém fechado. Uma boa olhada em um dos portos, perspetivas sobre o rio. Ver as cores e reflexos do sol na beira de outra parte do rio, trouxe pensamentos de como os batelões faziam esse trajeto dia e noite.

Dia 2 - Parte III - Sobre a missa da Sexta-feira da Paixão..

As três da tarde fomos à missa com a Vovozona na igreja de Nossa Senhora do Seringueiro, uma cerimônia bonita, um tanto reflexiva. Lembrei quando ia na missa durante a infância. Após a missa, fomos na beira do rio novamente e a percepçao sobre o rio muda durante a tarde e os reflexos do sol, depois fomos na casa da Vovozona, passamos um tempo bom por lá. Após um lanche na praça, outro dia rico é encerrado. 

Dia 3 - Parte I - Acompanhando o procedimento da chicha e indo a Rondobor..

Acordamos cedo para ir à residência da Vovozona acompanhar o procedimento da chicha, observamos a mistura e s filtragem. Conversa boa e cheia de ensinamentos.
Partimos para a Rondobor, local onde a borracha era processada, como boa parte do restante das estruturas da época, o local está abandonado, especificamente em ruínas; local imenso que poderia ser revitalizado e se tornar um centro de arte, um lugar para toda a comunidade, como fizeram em Rio Branco - Acre na Usina de Arte, que era uma usina de beneficiamento de castanha. Nas redondezas um dos moradores conta que o pai foi seringueiro por bastante tempo e até guarda alguns cadernos do guarda-livros..

Dia 3 - Parte III -





Mais conversas boas e rumo ao encontro das águas...

Após o almoço voltamos para a casa da Vovozona, nos preparamos para partir pro rio. Mais uma conversa boa, e a vó me fala sobre meus familiares que els conheceu, meu tio Raimundo a.k.a. Pistoleiro, minha tia Neiva, meu avô Sgt. Meireles, minha vó Eva entre outros, histórias que me aqueceram o coração..
Colocar o barco na água foi um processo interessante. Partindo de barco para o encontro das águas e mais adiante. O caminho longo tem o silêncio quebrado apenas pelo barulho do motor e o som das águas sendo trespassadas.. Passando pelo encontro dos rios Mamoré e Pacaas Novas, lembro das aulas e do porque das águas não se misturarem (temperatura e composição dos elementos flotantes); o caminho é ótimo para pensar; seguindo adiante pelo rio Pacaas que tem suas águas mais tranquilas, escuras e frias, passamos pelo hotel e chegamos ao flutuante do Seu Chiquinho, que foi seringueiro durante 30 anos. Observar, ouvir, sentir o rio. Na volta o pôr-do-sol; pássaros se despedindo do dia; senti o impulso de puxar um canto que não sei de onde nem como veio, deixei fluir. Tirar o barco do rio e recolocar na carretinha foi outro processo interessante. Umas saltenhas boas e quentes para fechar o dia.

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