A Festa
do Divino Espírito Santo no Vale do Guaporé, por Beto Bertagna.
A Festa do Divino Espírito Santo no
Vale do Guaporé, na fronteira de Rondônia com a Bolívia, é uma das maiores,
senão a maior, manifestação do Patrimônio Imaterial da região. A Irmandade fez
o pedido de Registro como Patrimônio Cultural Brasileiro junto ao IPHAN. O
Batelão conduzindo os símbolos sagrados do Divino chegará a Remanso, Bolívia no
dia 6 de junho, às 16 horas. O Batelão conduzindo os remeiros e os símbolos
sagrados saem de Versalles/Bolívia no dia 21 de abril. A data é móvel e
acontece no dia de Pentecostes, ou seja, 50 dias após o domingo de Páscoa.
Festa
do Divino Espírito Santo. A Festa do Divino Espírito Santo acontece no domingo
de Pentecostes , 50 dias depois da Páscoa. A data comemora a vinda do Espírito
Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo e é realizada em diversas cidades do
País. Fiéis recorrem ao Espírito Santo com pedidos e promessas, em busca dos
mesmos milagres solicitados aos santos da igreja católica.
O Divino Espírito Santo não é santo
nem padroeiro, mas uma divindade para agradecer e festejar. É uma força
representada pela pomba branca, pelas bandeiras coloridas e pelo mastro, que
anuncia um novo tempo por meio da propagação de sete dons: fortaleza,
sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor a Deus. A Festa do
Divino é baseada principalmente nas relações de parentesco e vizinhança, que se
organizam em mutirões para arrecadar fundos para a própria comunidade.
A
Festa. Embora seja marcada pelo viés religioso, com procissões, novenas e
missas, a celebração do Divino Espírito Santo revela um forte caráter
folclórico, com suas tradições e ampla participação popular. Cada cidade que a
realiza acrescenta sua cultura na comemoração. Alguns elementos marcantes dos
festejos são:
Imperador
ou Festeiro – pessoa escolhida para organizar, estruturar e divulgar a festa.
As
alvoradas e passeatas – cortejos pela cidade e visitas às casas; fogos de
artifício pela manhã.
Folia
do Divino – grupo de devotos que, em cantoria, passam nas casas dos habitantes
recolhendo oferendas e todo tipo de ajuda para a realização da Festa do Divino.
A
entrada dos palmitos – enorme cortejo que representa a chegada dos habitantes
da zona rural ao centro da cidade para participar da Festa do Divino.
Quermesse
– barracas com comidas e bebidas típicas e apresentações de grupos folclóricos
e musicais.
Levantamento
de mastro – cerimônia em que um grupo de homens levanta um tronco de árvore,
simbolizando a força masculina.
Grupos
de marujada, congada e Moçambique – danças e cantorias folclóricas vindas da
cultura afro-brasileira.
Cavalhada
– encenação de batalhas medievais entre mouros e cristãos.
Mascarados1–
personagens típicos das cavalhadas, saem pelas ruas a pé ou a cavalo. Conta-se
que, antigamente, os mascarados eram escravos que participavam da festa e saíam
com máscaras para não serem reconhecidos.
Origem
A celebração do Divino Espírito Santo remonta à Antiguidade, quando os
israelitas já cultuavam a divindade durante a Pentecostes. Está ligada à época
do fim das colheitas e à distribuição de alimentos. A adoração do Divino
estendeu-se até a Europa, durante a Idade Média, até que na Alemanha encontrou
boa recepção, transformando-se em festa. O objetivo era arrecadar fundos para
amparar os necessitados da época.
A
comemoração alcançou Portugal e foi instituída pela Rainha Isabel. Esposa do
Rei D. Diniz (1279 – 1325) e canonizada como Santa Isabel de Portugal, ela foi
a responsável pela construção da Igreja do Espírito Santo, em Alenquer. Por
volta do século XVII, época da colonização, a celebração chegou ao Brasil, com
o seguinte ritual festivo, representado como uma profecia uma pessoa – adulto
ou criança – era escolhida como Imperador do Divino. Abençoado com o poder do
Espírito Santo, o Imperador se tornava puro como uma criança, distribuindo
alimentos e soltando presos políticos, trazendo a fartura e o perdão ao mundo.
A
Festa do Divino era tão popular no país em 1822 que José Bonifácio, ao escolher
o título para D. Pedro I, deu preferência a “Imperador do Brasil” ao invés de
“Rei”, inspirado na forte popularidade do Imperador do Divino.
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