Memórias Poéticas nas paredes do tempo

Nas paredes da memória 

Essa lembrança 

É o quadro que dói mais...

                                                            Elis Regina

 
Paus segurando paredes do majestoso em ruínas. Logo na entrada, a ilusão de ótica que engana nosso olhar em relação ao tamanho dele, assim enganaram também os inimigos que quando se davam conta já estavam na mira dos canhões do Forte. O calabouço calou me e me pesou o pensamento: Como alguém poderia viver num local daquele? Seria melhor morrer logo. E os demais, que não estavam presos, como viviam no conforto vendo seres humanos vivendo no inferno do Calabouço?  Que pessoas são essas?? A engenharia de tudo é coisa de primeiro mundo em uma época tão sem recursos tecnológicos. Os engenheiros de hj deveriam aprender com eles. Em todo nosso percurso dentro do forte, histórias e mais histórias , das mulheres da época muito pouco se sabe, há registros vagamente sobre as cozinheiras, lavadeiras e mulheres da casa de Tolerância. Tolerar, essa é a palavra mesmo. Há escritos sobre Ana Moreira que mandava e muito, mas quase não aparece na história e isso me despertou para ir buscar mais sobre essa mulher, essa figura feminina que fez história no local.

 

  



Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.




Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros - Memórias inventadas

  





...Eu corro ela corre mais,
eu grito ela grita mais,
sete demônios mais forte.
Me pega a ponta do pé
e vem até na cabeça,
fazendo sulcos profundos.
É de ferro a roda dentada dela.

                                  Adélia Prado


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