Os apontamentos da conversa com Dr. Nilson Santos e análise do processo e pesquisa

Nesta sábado (16/03), das 15 as 18 horas, os integrantes da pesquisa Memórias Poéticas Sobreviventes do Crescimento das Árvores, para avaliação a conversa e o processo realizado até aqui.


O alimento do corpo sempre está presente nos nossos encontros EVOÉ!! que assim seja! O suco verde e cheiroso de capim santo e limão está marcado como delícia refrescante e saudável que vem nos acompanhando nesse processo... o boolo de chocolate que Taiane trouxe, veio junto com memórias de delícias que eu amo e tenho me privado dessas sensações nos últimos meses (por causa da dieta necessária), mas que foi tão lindo aos olhos ver a disposição desses alimentos, na sala mais introspectiva que trabalhamos, menor e aconchegante, que jamais eu deixaria de comer. Oportunidades como essa precisam ser apreciadas, sem moderação! Sabemos que temos muito trabalho e que estamos partindo pra uma nova fase da pesquisa e pensar mais uma vez sobre como esses temas chegam pra mim, me deixa confusa pois desde muito pequena, tenho sido poupada, mas eles sempre vem... chegam até mim, e não é por acaso, acredito eu.  Vim de uma relação muito próxima à natureza, do pantanal sul – matogrossense, das histórias e vivencias de um pai pescador e caçador, que corria rios todos os finais de semana e trazia a caça, o peixe pra família e para todas as famílias de seus companheiros de caçada e vizinhos e para quem chegasse. Da presença de minha irmã mais velha nessas aventuras, e eu sendo poupada, pois em uma dessas pescarias, eu simplesmente cai, afundei rio abaixo e só me lembro do silêncio ensurdecedor, da cor marrom do rio barrento que é o Rio Dourados, da calmaria que foi esse mergulho e das bolhas de agua feitas pelo mergulho apavorado de meu pai para me tirar dali, onde eu estava plena e enrolada nos fios e anzóis da pescaria, sem entender o que estava acontecendo... como até hoje não entendo bem. Esse já é o terceiro trabalho que participo com esse mergulho que sempre está presente na minha vida, mesmo que tenha sido poupada na infância, pous segundo minha mãe (e trago comigo ainda) “zaininha, você não pode olhar muito pra agua do rio! Senão você vai junto...” me sinto atraída sim, e apesar das recomendações dos meus pais, fugia pro ria, atravessava a nado, pulava da ponte, aproveitava a companhia dos moleques companheiros de aventuras e me jogava literalmente nessas águas barrentas... mas não olhava, não encarava essas águas. O primeiro foi em FILHAS DA MATA quando eu tinha que mergulhar em um barril de agua, literalmente, e o fiz, e cada vez que fazia tinha a sensação do meu “mergulho marrom”      AS MULHERES DO ALUÁ, outro mergulho no sofrimento de mulheres de um tempo não muito distante e que ainda persiste, e continua tão fortemente nos nossos dias, e agora nesse projet MEMÓRIAS Poéticas das sobreviventes do crescimento das árvores , que vem pra me consolidar sobre a necessidade de trazer essas mulheres,” sombras das seringueiras”, (como disse Elisabete Cristofolethe) pra me contextualizar ainda mais, e mergulhar mais profundamente nessa mata, nessas águas... barrentas. Por Zaine Diniz

Pelo olhar do Edmar Leite
Uma mesa diferente, chamativa, temática e bonita. Conversa boa regada à Açaí. Nilson Santos, autor da obra base da pesquisa do nosso processo, nos contou suas experiências durante a criação de sua obra. Relatos das vivências, entrevistas, acontecimentos, sentimentos. Certas situações marcaram e me chamaram bastante atenção. A chegada da Beth em sua primeira experiência de campo, "empacotada" como uma dama de época; os parasitas que sempre incomodam (lembram minhas experiências na época que ia pra campo durante meu curso de biologia); a solidão da floresta; viver um dia de cada vez sem desejar o que não está ao alcance; sobre como os mitos, lendas e ditos populares podem ser a base de um código de conduta e moral de um lugar. Uma boa troca. Experiência muito boa pra pesquisa. Grato por tudo.

Zaine Diniz e seu relato:

Em um ambiente preparado com tanto carinho, delicadeza e fartura do mais puro açaí grosso, corpulento e suave, acompanhado das delicadas e barulhentas bolinhas de tapioca, e a majestosa banana disposta num cacho imenso, fruto do nosso quintal, que nos acompanha desde a inauguração do nosso espaço TAPIRI, que vem nos alimentando ao longo desses anos de trabalho, enfim um banquete amazônico!!  Assim foi nossa conversa com Dr. Nilson sobre a sua obra que nos está servindo de base para esse projeto MEMÓRIAS POÉTICAS: sobre as sobreviventes do crescimento das árvores. Um momento especial, onde pudemos ouvir, tirar dúvidas, captar os “brilhos” que faltavam para nossa compreensão da grandiosidade desse trabalho. As emoções foram tantas, e o que me chamou mais atenção, me despertou mais a curiosidade foi esse mergulho que ele fez nos seringais, sua preparação: material/emocional, para se manter vívido e ávido para concluir seu trabalho, que não foi imposto por ninguém, que foi impulsionado pelo seu desejo de professor e de contribuir com essas pessoas que as vezes parece que vivem/viveram em um mundo paralelo e tão próximo de nós.  Foi importante pra mim e para todos do O Imaginario, imaginar ainda mais essa experiência tão rica que ele protagonizou e que nos respalda para o trabalho que estamos fazendo. “Precisamos de tão pouco pra viver...” Ficou marcado. Gratidão!

Pelas lentes do Chicão Santos


Entre as arrumações e colocação de vara de luz no Tapiri, fui me dando conta da importância da conversa com Nilson e a Beth. Ainda mais cedo fui correndo atrás de açaí para servir durante a conversa. E tudo precisa ser diferente quebrar a rotina e ai percebi que faltou cuias para servir o vinho da Amazônia e sai desesperado em busca da cuias, casa do camarão, lojas e mercados. O destino me conduziu para o Mercado do KM 1 e lá encontrei os tamanhos e dimensões certas para servir. Retornei ao Tapiri e Eu Zaine e Flávia já ensaiava a arrumação do espaço para receber nossos convidados para a conversa. Com terçado nas mãos e os troncos das bananeiras serviram de suporte para as cuias, enquanto os cachos de banana colhidos ali mesmo no Tapiri completava a decoração da nossa mesa de conversa.
A conversa foi um grande acontecimento cênico e as pessoas ficaram completamente à vontade para discorrer suas experiências e vivencias em relação a pesquisa.

Os relatos do Dr. Nilson Santos e sua sabedoria adquirida nas convivências com os seringueiros e seringueiras ao longo do Vale do Guaporé me estabilizou  na pesquisa. Quanta experiência, trocas e vivencias no tempo que ele passou no seringal. Fomos nos detalhes, nos pontos-foco da pesquisa, a presença feminina na exploração do látex ou no leite da Mãe da Mata e cada questão clareava a minha mente e os detalhes que me conduz para as futuras soluções cênicas e ficou aqui neste imaginário interminável de saberes e fazeres. As palavras não descrevem o aprendido, o adquirido, o sentido e o vivenciado. Gratidão Nilson e Beth uma aula de história e de humanização.   
                                                                                                                                                  

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