Memórias poéticas: nas estradas de seringa... do crescimento das árvores.


Estrada de seringa... A tarefa da sangria, da retirada do leite.

 

 


"Sabe que comecei a gostar da minha história... Não sabia que ela pudesse ser tão bonita! Vocês podem ser muito inteligentes... Mas não são espertos quando estão no mato. Cada uma dessas etapas era geralmente seguida da mudança de colocação, onde novas situações seriam vivenciadas, e os sofrimentos se renovavam, num Oroboro sem fim. 

A vivência no Parque Circuito, me fez ver e rever paralelos já citados na pesquisa do Dr Nilson, em relação ás árvores de seringueiras... são as pessoas, são as mulheres, são os cortes que temos marcados em nosso corpo (tenho várias) desde o nascimento de minhas filhas, a vida através do corte!!  Do meu leite cresceu “vingou” duas criaturas que um dia também poderão ser cortadas, pois outros cortes elas já tem... A sina das mulheres, a pele enrugando, as formas se “desenformando”, buracos imensos, profundos e rasos também. Desconfiei que eu estava ali, e tive certezas que SIM, eu estou ali. Olhares curiosos, reflexão in loco e sensações mil. Me senti ELAS. E o brilho do sol por entre as copas, reforçou e iluminou, mostrando, realçando o brilho de cada uma daquelas árvores... e da minha cabeça.




A alimentação básica dos seringueiros é farinha d’água e peixe





Passamos pela infinidade de barcos pequenos e grandes; pequenas canoas dirigidas por crianças, e  por gaiolas carregadas de banana, macaxeira, peixe e farinha. Os ruídos dos motores impediam freqüentemente de ouvir as revoadas de pássaros que cruzavam o rio a todo instante.

 



Aqui era o mesmo que ter uma árvore de dinheiro caindo folha e as pessoas puxando aquelas folhas de  dinheiro com um ciscador ... aquilo iludiu milhares de pessoas.

                                             

Não sei qual foi a guerra pior pra escolher ... se enfrentar os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial ou vim pro Norte fazer borracha pra defender o país da miséria. Acredito que era mais fácil ir pra lá porque a morte era mais rápida ... não vinha pra cá morrer de beribéri e enfrentar cobra e onça".

                                             

Fonte: Livro sobreviventes da fortuna, do Prof. Dr. Nilson Santos. Livro base da pesquisa.



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