Memórias Poéticas... crescimentos das árvores



Tava indo cortar. Ainda escuro, cedo. Vi o Homi. “Égua, que o Coronel tá fazendo aqui essa hora?”. Deve de ter acontecido algo. Fui cumprimentar; a onça saltou nele. Esturrou. Enorme, pesada, o pelo brilhante. Ele mais que rápido pegou o terçado e meteu nela. Ela escapou. Saltou de novo. Ele por baixo, quase sem força, enfiou a lâmina nas costela da bicha. Puxou. Meteu de novo. Ela caiu. Sangue esguichando. As tripa pra fora. Olhei: “o Coronel salvou minha vida”; tivesse sozinho, a onça ia é me atacar. Quando vou agradecer, uma cobra grande, grande mesmo, agarra no pé do Homi. Travei todo. “Que é que tá acontecendo aqui?”. A bicha se enrolando, querendo quebrar o osso do patrão. Uma luta. Não vi como; ele deu com o terçado na cabeça. Abriu no meio. Ficou em dois pedaços. A cobra soltou. Ele sorriu pra mim e eu: “agora o Coronel me salvou mesmo”. Tava clareando o dia. O Coronel satisfeito. Só vi uma flecha voando no peito dele. A flecha varou. Caiu morto na hora. Sorrindo. Saí foi correndo. Mas, antes de cair morto ele disse; “Você não vá a canto nenhum. Fique aqui para me ajudar”. Depois soube que o Coronel tava vivo em casa. Eu vi cair mortinho. Como depois tava vivo? Era sinal. Morreu ficando vivo e antes matou a onça e a cobra. “Você não vá a canto nenhum. Fique aqui para me ajudar”.
                                           Trecho do Texto: A Borracheira, de Daniel Graziane

 


 

 
 Nessa casa tem quatro cantos, em cada canto uma flor. Dentro dela não entre ódio. Dentro dela só venha amor. Eu trabalho; eu afasto. Eu afasto toda a dor. Eu rego. Eu molho. Eu vou regando. Trabalho no meu regador. Vou trabalhando no canto. Vou florescendo amor.
Nesse mundo tem quatro cantos, em cada canto um caminho. É preciso comunhão para não viver sozinho. Quem planta flor vai colher flor, mas ai de quem plantar espinho. Pra saber o fim da estrada, nem precisa ser adivinho.
Na casa de quatro cantos, cada canto guarda um segredo. Não ficará adormecido aquele que desperta cedo. Com o sol que vem nascendo, luz dissipa todo medo. E o sustento dessa terra vem em fartura do arvoredo.


 Nossa pesquisa segue firme por esses quatros cantos. Essa moça ai, logo abaixo é a Amanda, que está pesquisa a cena no O Imaginário.

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